quinta-feira, 9 de julho de 2009

Gripe suína A (H1N1) no Brasil: está sendo feito tudo que é possível?

O Brasil avança celeremente em número de casos de gripe suína A(H1N1). Escolas e universidades anteciparam férias ou cancelaram as aulas. Cidades se assustam com a velocidade de alastramento da gripe.

Apesar das reiteradas afirmações do ministério desde que a gripe começou a alastrar de que todo o possível estava sendo feito, sempre se descobre algo mais a fazer. Logo após a confirmação da pandemia (grau 6) pela OMS, uma representante do ministério disse em entrevista coletiva que nada mais precisava ser feito porque o Brasil estava à frente das recomendações da OMS. Ontem, o Ministério da Saúde decidiu implementar um sistema mais rigoroso de controle de pessoas que chegam do exterior. Nos primeiros dias, as TVs cansaram de mostrar a falta de orientação para os passageiros que chegavam de áreas infectadas.

Porém em casos como esses, é mais prudente fazer o possível do que o necessário. E ao contrário do que a burocracia nacional nos faz querer crer, não foi e ainda não está sendo feito todo o possível. Na realidade, o ministério está correndo atrás do vírus. Um tática que está fadada ao fracasso por uma simples questão matemática.

Imagine que cada nova pessoa infectada tenha um contato diário com 10 pessoas por dia, sendo que a cada dia sejam 2 diferentes. Em um espaço de 14 dias – o tempo de incubação do vírus – esta pessoa terá entrado em contato com 36 pessoas (2*14=28+8=36). Somente ontem 25 novos casos foram confirmados pelo ministério. Neste cálculo hipotético, 900 pessoas precisariam começaram a ser monitoradas.

A progressão no número de casos é, como mostra o histórico em outros países, muito mais rápida do que se imagina. Esta é a característica mais preocupante do H1N1. Ao informar reiteradamente que ninguém precisava se preocupar, o ministério acabou prejudicando o próprio trabalho e agora precisa correr atrás do prejuízo.

Gastaram tempo e saliva para tentar explicar a diferença entre suspeitos e monitorados, demoraram para entender que era necessário um teste específico para detectar a doença e ficaram mais preocupados em afirmar que os casos no Brasil são oriundos do exterior. São apenas três exemplos de que o país não está preparado para um pandemia mais grave. Ao vírus, nada disso importa.

A única boa notícia nessa história é que este tipo de vírus da gripe tem uma baixa taxa de mortalidade entre os infectados.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Gripe Suina (vírus influenza A H1N1)

O que é a gripe suína ?

Atenção do mundo se voltou para a gripe suína, que surgiu no México, atingiu os Estados Unidos, Ásia, entre outroslocais e já matou pessoas. Mas, o queé a gripe suína? Para conhecermos um pouco mais sobre o vírus e sabermos o que fazer caso sejamos contaminados, o doutor Dorival Duarte de Lima, Infectologista e diretor clínico
do Hospital Adventista de São Paulo, em entrevista, responde:

O mundo todo está falando em gripe suína, mas em que ela consiste realmente?

A gripe suína consiste em um processo infeccioso produzido por um vírus Influenza, caracterizada por febre elevada, cefaléia severa, dores musculares e articulares difusas, e manifestações respiratórias, como dor orofaríngea e tosse.

O que é o vírus H1N1?

O vírus H1N1 é um vírus Influenza que pertence a uma família de vírus chamada Orthomyxoviridae. Existem 3 tipos diferentes do vírus, o Vírus Influenza A, o Influenza B e o Influenza C. O vírus Influenza A se caracteriza por possuir subtipos,que são originados a partir de uma série de estruturas antigênicas, usualmente proteínas em sua superfície, sendo as principais chamadas de Hemaglutininase Neuraminidases. Existem 15 diferentes Hemaglutininas, numeradas de 1 a 15, às quais chamamos de H1 até H15, e 9 neuraminidases, classificadas de N1 até N9. Desta forma, um subtipo do vírus Influenza A será classificado dependendo das estruturas antigênicas que combinarão suas hemaglutininas e neuraminidases em sua superfície, dando assim as combinações alfa-numéricas que caracterizam o tipo do vírus. A chamada "gripe suína", então, é produzida pelo Vírus Influenza A que contém em sua estrutura externa os antígenos 1 das Hemaglutininase o antígeno 1 das Neuraminidases, foneticamente expressa como H1N1.O vírus Influenza A infecta uma série de espécies, que incluem o homem, mas ademais do homem, outros animais, como os cavalos, os porcos, mamíferos marinhos, e de forma especial aos pássaros. A infecção, no caso da pandemia,isto é, uma epidemia que rompe fronteiras, iminente que vivemos, deve sua origemà aquisição pelo homem do H1N1 a partir dos suínos, com propensão de disseminaçãointer-humanos.

Apesar de a gripe ser chamada de suína, o mercado que comercializa este tipo de carne, assim como a Organização Mundial da Saúde,garantem que o vírus não é transmitido pela ingestão do animal. É isso mesmo?

Sim, efetivamente, a transmissão do vírus ocorre primariamentepela via inalatória, isto é, pelo trato respiratório. Assim, a ingestão da carnedos suínos, preparada de forma assada ou cozida, não representa risco de infecção.

Como é o contágio?

A aquisição inicial da infecção, uma vez adquirida a partir dos animais, e neste caso o porco, é transmitida em primeira instância pela via aérea. Ou seja, uma pessoa infectada, ao tossir ou espirrar gera partículas em aerossol, e estas partículas inaladas por uma pessoa susceptível, induzirá à infecção do trato respiratório, com repercussão sistêmica. Vale frisar que o período de incubação do vírus Influenza é curto, entre um e três dias, após o qual o paciente começa com as manifestações clínicas, que são febre usualmente acima dos 39 graus, dor de cabeça muito grave,dores musculares e articulares, e sintomas respiratórios, como tosse, dor na orofaringe. Se o quadro progride para a pneumonia viral, então falta de aré agregada, podendo levar à insuficiência respiratória e até à morte.

Qual o método de tratamento?

Dr. Dorival: Pessoas com os sintomas acima, provenientes de ou que haja tidocontato com uma pessoa que provenha de uma área onde haja transmissãoativa do vírus, deve procurar atenção médica imediatamente. Diante da suspeita do caso, o paciente deve ser colocado em isolamento respiratório, para evitara disseminação da infecção. Existem duas drogas antivirais que têm atividade contra o vírus Influenza H1N1, uma chamada Oseltamivir e a outra Zanamivir, que devem ser administradas nas primeiras 72 horas desde o aparecimento dos sintomas.

A atual vacina da gripe tem algum efeito preventivo neste caso ou não?

Dr. Dorival: A atual vacina contra o vírus Influenza, com a qual nos encontramos no período de administração nestes dias aqui no Brasil, é preparada a partir de amostras do vírus Influenza obtido de diferentes países do mundo, e é preparada com base nos vírus Influenza que circularam e produziram infecção na população na estação anterior. Infecções pelo vírus Influenza ocorrem de forma primordial nos meses de outono e inverno nos países temperados e frios. Nos países tropicais, ainda que agravada no inverno, os casos de Influenza tendem a ocorrer durantetodo o ano. Desta forma, a vacina atual, é preparada com base nos determinantes antigênicos do vírus influenza que circulou no inverno passado, e tem eficácia para os determinantes antigênicos contra os vírus daquele então. A vacina atual não tem ação contra o H1N1 que está na iminência de produzir a pandemia que nos ameaça atualmente, não é uma saída para a gripe suína. Isto significa que a vacina da gripe que, temos hoje, tem efeito sobre os vírus influenza do ano passado, pois as vacinas são feitas baseadas no vírus do ano anterior. A vacina para a gripe suína ou H1N1 levará meses ainda para ser produzida disponibilizada.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Aids no Brasil

De 1980 a junho de 2007 foram notificados 474.273 casos de aids no País – 289.074 no Sudeste, 89.250 no Sul, 53.089 no Nordeste, 26.757 no Centro Oeste e 16.103 no Norte. No Brasil e nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste, a incidência de aids tende à estabilização. No Norte e Nordeste, a tendência é de crescimento. Segundo critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem uma epidemia concentrada, com taxa de prevalência da infecção pelo HIV de 0,6% na população de 15 a 49 anos.

Em 2006, considerando dados preliminares, foram registrados 32.628 casos da doença. Em 2005, foram identificados 35.965 casos, representando uma taxa de incidência de 19,5 casos de aids a cada 100 mil habitantes.

O Boletim Epidemiológico 2007 trouxe, pela primeira vez, dados sobre a proporção de pessoas que continuaram vivendo com aids em até cinco anos após o diagnóstico. O estudo foi feito com base no número de pessoas identificadas com a doença em 2000. Os dados apontam que, cinco anos depois de diagnosticadas, 90% das pessoas com aids no Sudeste estavam vivas. Nas outras regiões, os percentuais foram de 78%, no Norte; 80%, no Centro Oeste; 81%, no Nordeste; e 82%, no Sul.

A análise mostra, ainda, que 20,5% dos indivíduos diagnosticados com aids no Norte haviam morrido em até um ano após a descoberta da doença. No Centro Oeste, o percentual foi de 19,2% e no Nordeste, de 18,3%. Na região Sudeste, o indicador cai para 16,8% e, no Sul, para 13,5%. A média do Brasil foi de 16,1%. Em números absolutos, o Brasil registrou 192.709 óbitos por aids, de 1980 a 2006, considerando que os dados do ano passado ainda são preliminares.

Na série histórica, foram identificados 314.294 casos de aids em homens e 159.793 em mulheres. Ao longo do tempo, a razão entre os sexos vem diminuindo de forma progressiva. Em 1985, havia 15 casos da doença em homens para 1 em mulher. Hoje, a relação é de 1,5 para 1. Na faixa etária de 13 a 19 anos, há inversão na razão de sexo, a partir de 1998.

Em ambos os sexos, a maior parte dos casos se concentra na faixa etária de 25 a 49 anos. Porém, nos últimos anos, tem-se verificado aumento percentual de casos na população acima de 50 anos, em ambos os sexos.

Em 2005, foram identificados 700 casos de aids na população de menores de cinco anos, representando taxa de incidência de 3,9 casos por 100 mil habitantes. Em 2006, foram registrados 526 casos em menores de 5 anos, mas esse número provavelmente está subnotificado. Considerando as regiões, a taxa de incidência é maior no Sul (6,1), seguido do Sudeste (4,4); Nordeste (3,1); Norte (2,7) e Centro Oeste (2,6).

Do total de 192.709 óbitos por aids identificados no Brasil (1980-2006*), a maioria foi no Sudeste, com 131.840 mortes em decorrência da doença. Em seguida, vêm Sul (28.784), Nordeste (18.379), Centro Oeste (8.738) e Norte (4.968).

Em 2004, pesquisa de abrangência nacional estimou que no Brasil cerca de 593 mil pessoas, entre 15 a 49 anos de idade, vivem com HIV e aids (0,61%). Deste número, cerca de 208 mil são mulheres (0,42%) e 385 mil são homens (0,80%).

A mesma pesquisa mostra que quase 91% da população brasileira de 15 a 54 anos citou a relação sexual como forma de transmissão do HIV e 94% citou o uso de preservativo como forma de prevenção da infecção. O conhecimento é maior entre as pessoas de 25 a 39 anos, entre os mais escolarizados e entre as pessoas residentes nas regiões Sul e Sudeste.

Os indicadores relacionados ao uso de preservativos mostram que aproximadamente 38% da população sexualmente ativa usou preservativo na última relação sexual, independentemente da parceria. Este número chega a 57% quando se consideram apenas os jovens de 15 a 24 anos. O uso de preservativos na última relação sexual com parceiro eventual foi de 67%. A proporção comparável em 1998 foi de 63,7%.