O Brasil avança celeremente em número de casos de gripe suína A(H1N1). Escolas e universidades anteciparam férias ou cancelaram as aulas. Cidades se assustam com a velocidade de alastramento da gripe.
Apesar das reiteradas afirmações do ministério desde que a gripe começou a alastrar de que todo o possível estava sendo feito, sempre se descobre algo mais a fazer. Logo após a confirmação da pandemia (grau 6) pela OMS, uma representante do ministério disse em entrevista coletiva que nada mais precisava ser feito porque o Brasil estava à frente das recomendações da OMS. Ontem, o Ministério da Saúde decidiu implementar um sistema mais rigoroso de controle de pessoas que chegam do exterior. Nos primeiros dias, as TVs cansaram de mostrar a falta de orientação para os passageiros que chegavam de áreas infectadas.
Porém em casos como esses, é mais prudente fazer o possível do que o necessário. E ao contrário do que a burocracia nacional nos faz querer crer, não foi e ainda não está sendo feito todo o possível. Na realidade, o ministério está correndo atrás do vírus. Um tática que está fadada ao fracasso por uma simples questão matemática.
Imagine que cada nova pessoa infectada tenha um contato diário com 10 pessoas por dia, sendo que a cada dia sejam 2 diferentes. Em um espaço de 14 dias – o tempo de incubação do vírus – esta pessoa terá entrado em contato com 36 pessoas (2*14=28+8=36). Somente ontem 25 novos casos foram confirmados pelo ministério. Neste cálculo hipotético, 900 pessoas precisariam começaram a ser monitoradas.
A progressão no número de casos é, como mostra o histórico em outros países, muito mais rápida do que se imagina. Esta é a característica mais preocupante do H1N1. Ao informar reiteradamente que ninguém precisava se preocupar, o ministério acabou prejudicando o próprio trabalho e agora precisa correr atrás do prejuízo.
Gastaram tempo e saliva para tentar explicar a diferença entre suspeitos e monitorados, demoraram para entender que era necessário um teste específico para detectar a doença e ficaram mais preocupados em afirmar que os casos no Brasil são oriundos do exterior. São apenas três exemplos de que o país não está preparado para um pandemia mais grave. Ao vírus, nada disso importa.
A única boa notícia nessa história é que este tipo de vírus da gripe tem uma baixa taxa de mortalidade entre os infectados.